quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O Preto velho chorou

Não chorou porque sofreu muito antes de partir, chorou por ver seus filhos não combinarem.
Não chorou pelos cortes da chibatas em seu peito, chorou por não entenderem a mensagem
Não chorou por tirarem-lhe a liberdade, chorou pela desunião dos filhos da terra.
Não chorou pelo termino da vela acesa, chorou pela falta de luz para iluminar seus filhos queridos.
Não chorou por ter que caminhar lentamente pela sua idade, chorou pelos caminhos errados dos passos dos filhos amados.
Não chorou por ter apagado seu cachimbo, chorou porque o vento da incompreensão apagou a sensibilidade na alma dos amigos presentes.
Não chorou pela caminhada que outrora fizera, chorou pelos caminhos confusos escolhidos pelos humanos.
Não chorou pela água derramada aos seus pés, chorou pela impureza da água derramada pelos filhos sem necessidade.
Não chorou pela paz do mundo, chorou por ser seus filhos serem as pessoas causadoras das guerras.
Não chorou simplesmente em um lugar qualquer, chorou ao pé do conga, em baixo dos braços de nosso Pai, no chão imantado com sua luz, no banquinho agraciado por Jesus, segurando a pequena bengala feita de um tronco de arvore, que outrora ajudou-o a dirigir-se aos necessitados em busca de alivio de suas dores.
Por isso o Preto Velho chorou.

Autor Emidio de Ogum

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